Em primeiro lugar, é preciso lembrar: modais de transporte são as modalidades de transporte disponíveis: aéreo, aquaviário, ferroviário e dutoviário. E o que acontece quando uma mercadoria precisa passar por diversos tipos de transporte para chegar ao seu destino? Em uma situação como essa, é preciso optar pelo transporte intermodal ou pelo multimodal. Vamos entender melhor o que é isso tudo?
Índice:
O que é transporte intermodal?
Em primeiro lugar: não confunda transporte intermodal com transporte multimodal. Sim, ambos se referem a operações em que são utilizados dois ou mais modais de transporte para levar uma mercadoria até o seu destino. A diferença entre os dois está na documentação necessária para o transporte e em como é a dividida a responsabilidade pela carga. Vamos ver isso com calma mais à frente.
O transporte intermodal, portanto, combina, em uma mesma operação logística, mais de um modal de transporte. Por exemplo: a mercadoria pode sair do depósito na caçamba de um caminhão e, depois, completar o trajeto de trem ou de barco. Sempre que houver mudança de modal – ou seja, quando a carga for transferida de um caminhão para um avião ou navio, por exemplo –, novos documentos fiscais devem ser emitidos.
O transporte intermodal é bastante popular e ajuda as empresas a economizar recursos.
Como funciona esse tipo de transporte?
A principal vantagem do sistema intermodal é a integração entre os modais. Se não dá para transportar determinada carga de São Paulo a uma cidade no Norte do país porque faltam estradas na região amazônica, é possível terminar o trajeto de barco ou de avião, ou seja, recorrer à outra modalidade de transporte.
Quando uma mercadoria vai ser transportada em mais de um modal surge uma pergunta importante: como armazená-la de modo a não danificá-la na transferência de um veículo a outro? A resposta encontrada pelos profissionais de logística foi a seguinte: em containers. Assim, a carga pode ser transitar em segurança de um veículo para outro, de um modal para outro.
Quais modais fazem parte desse sistema?
Praticamente todos os modais existentes podem participar do sistema intermodal. Nós vimos quais são eles acima, você ainda se lembra? Vamos lá: aeroviário (por meio de aviões), aquaviário (barcos ou navios), dutoviário (dutos – combustíveis geralmente são transportados assim), ferroviário (trens) e rodoviário (caminhões).
Como combinar os diferentes modais? Depende de diversas variáveis, como a urgência da entrega e a existência de estradas, ferrovias e aeroportos ao longo do trajeto.
Qual a importância desse tipo de transporte?
O Brasil é um país extremamente dependente do transporte rodoviário. Você se lembra do seu professor de história explicando que o presidente Juscelino Kubistchek (e outros governos também) abandonou as ferrovias brasileiras em favor das estradas para incentivar o desenvolvimento da indústria automobilística por aqui? Pois é.
Segundo uma pesquisa “Custos Logísticos”, apresentada pela Fundação Dom Cabral em 2017, a malha rodoviária brasileira é responsável pelo escoamento de 75% da nossa produção. Os outros 25% das mercadorias recorrem às seguintes modalidades de transporte: marítima (9,2%), aérea (5,8%), ferroviária (5,4%), cabotagem/navegação costeira (3%), hidroviária (0,7%).
O problema é que o modal rodoviário nem sempre é o mais barato ou o mais eficiente. Devido ao custo e aos potenciais riscos do transporte rodoviário (estradas precárias, roubo de carga), a combinação de diferentes modais pode ser uma opção vantajosa e resultar em economia e entregas mais rápidas.
O que é transporte multimodal?
Transporte multimodal também recorre a dois ou mais modais de transporte, assim como o intermodal. No entanto, quando a opção é pelo transporte multimodal, não é preciso elaborar um novo contrato toda vez que a mercadoria for de um veículo para outro. Toda a operação é coberta por um único documento fiscal, o CTMC (Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas). Quem emite o CTMC é o Operador de Transporte Multimodal (OTM), que assume total responsabilidade pela operação.
Onde encontro a legislação sobre o transporte multimodal de carga?
O transporte multimodal de cargas foi regulamentado pela Lei 9.611/98, de 19 de fevereiro de 1998. Essa lei também descreve a operação e as responsabilidades de todos nela envolvidos.
Quais são as diferenças?
Como vimos, tanto o transporte intermodal quanto o multimodal são operações que fazem uso de dois ou mais modais de transporte. O que diferencia os dois tipos de operação são os documentos necessários, os contratos e a divisão de responsabilidade entre os transportadores. Vamos entender melhor essas diferenças:
Emissão de documentos
Se o transporte for multimodal, independentemente de quantos ou quais modais forem utilizados, toda a operação é coberta por um único documento fiscal, o Conhecimento de Transporte Multimodal de Cartas (CTMC), emitido pelo Operador de Transporte Multimodal (OTM). Com o CTMC em mãos, você pode transferir a carga de um caminhão para um avião e depois para um barco sem se preocupar com a emissão de outro documento fiscal. O CTMC, aliás, é válido como documento fiscal e também como contrato.
Agora, se o transporte for intermodal, toda vez que a carga trocar de veículo, um novo CT-e (Conhecimento de Transporte Eletrônico), deverá ser emitido. Cada novo CT-e é entendido como um novo contrato.
Divisão de responsabilidade
Como nos transportes multimodais, toda operação é coberta por um único documento fiscal, o OTM é o único responsável por toda a operação. Cabe a ele organizar e planejar a troca de um modal para outro e verificar se está tudo certo com a mercadoria a cada transferência de veículo.
O OTM deve ainda garantir armazéns adequados para a carga e inspecionar diversas atividades, como a baldeação e o transbordo das mercadorias. Além disso, o OTM deve possuir todos os meios necessários ao transporte, como carretas e navios.
Para emitir o CTMC, o OTM precisa ser habilitado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
No caso dos transportes intermodais, é diferente: cada vez que a mercadoria é transferida de um veículo para outro é necessário emitir um novo CT-e. Isso quer dizer que cada emissor de CT-e se responsabiliza por um trecho da operação. Por exemplo: quem emitir o CT-e para o trecho rodoviário se responsabiliza somente por essa etapa da operação, e não pode ser responsabilizado pelas etapas seguintes ou pelas anteriores.
Tipos de contrato
A CTMC tem valor de contrato. Por isso, nos transportes multimodais, é o único contrato entre OTM e o cliente, que devem estar de acordo sobre toda a burocracia envolvida na operação, como registros e contratação de seguros obrigatórios.
Os transportes intermodais, por outro lado, possuem mais contratos, pois a cada troca de veículo, um novo CT-e com valor contratual é emitido. A cada emissão de CT-e, cliente e operador podem negociar (ou renegociar) prazos e valores.
Como escolher a melhor opção para você
O transportes intermodal e multimodal foram criados para responder a necessidades do mercado. Cada um deles atende a necessidades específicas de transportadores e clientes. Por isso, analise bem todos os prós e contras de cada uma dessas modalidades para escolher a mais benéfica para você a sua empresa.
Vantagens do Transporte Multimodal
O objetivo do transporte multimodal é reduzir burocracias, pois todos os entraves jurídico-administrativos podem ser solucionados com um único documento, o CTMC. Confira algumas das vantagens do transporte multimodal:
– Combinar diferentes modais e, assim, alcançar mais eficiência (energética, inclusive)
– Redução de custos ao transferir a carga de um veículo para outro
– Facilidade na resolução de problemas porque há um único responsável por toda a operação
– Agilidade nos processos se o OTM for devidamente informatizado
– Melhor proveito de todos os serviços oferecidos pelo OTM, como armazenagem e soluções de carga e descarga
Vantagens do Transporte Intermodal
A principal vantagem do transporte intermodal é a possibilidade de negociar preços e valores com diferentes prestadores de serviços para diferentes modais. A negociação pode resultar em contratos vantajosos. Confira outros benefícios:
– Redução de custos em determinados trechos
– Menor consumo de energia
– Trajetos mais seguros
– Possibilidade de explorar modais de transporte mais baratos e eficientes do que o rodoviário
É importante lembrar que esses benefícios só são verificáveis quando os transportes intermodal e multimodal são mais competitivos do que os transportes unimodais, aqueles que recorrem a um único modal de transporte durante todo o trajeto da mercadoria.
Pense bem, analise os prós e contras e faça a melhor escolha para sua empresa.
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