O biocombustível é um derivado de biomassa, matéria orgânica vegetal ou animal, conhecido como uma alternativa às derivadas de fósseis.
Ter operações sustentáveis, que não causem danos ao meio ambiente, é uma demanda cada vez mais presente no dia a dia das empresas.
A logística é um setor que usa muitos combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, e pode se beneficiar de alternativas mais ecológicas.
Além de auxiliar na construção de uma mobilidade sustentável, a adoção de biocombustíveis impacta na redução de custos nas empresas de logística e transporte.
Nesse texto, falaremos sobre o que é biocombustível, vantagens e desvantagens, como eles se diferem dos combustíveis tradicionais, e os tipos existentes.
Também mostraremos como o biocombustível pode ajudar sua frota. Vamos nessa?
Índice:
O que é biocombustível?
Biocombustível são combustíveis produzidos a partir de materiais orgânicos renováveis, vegetais ou animais, que não sofreram o processo de fossilização.
Ao longo dos últimos séculos, a humanidade se acostumou a utilizar combustíveis fósseis – isto é, materiais resultados de processos de milhares, até milhões de anos, para se tornarem capazes de serem utilizados como fontes de energia.
Entre os principais combustíveis fósseis, estão todos aqueles gerados à base de petróleo ou carvão.
Como você pode imaginar, hoje a velocidade de consumo desses recursos é muito maior do que a natureza consegue produzir – de maneira que há uma grande preocupação com a sustentabilidade desses combustíveis.
Além disso, muitos dos combustíveis fósseis, ao serem queimados, geram resíduos poluentes, afetando a atmosfera.
O que significa dizer que um combustível é renovável?
Um combustível é renovável quando sua matéria-prima pode ser “devolvida” a natureza, ou então, ter sua reserva renovada – como vegetais que podem ser plantados novamente.
Entre os exemplos mais comuns, estão a cana-de-açúcar usada para a fabricação do etanol ou a mamona, muito usada para fabricar biodiesel aqui no Brasil.
Como é produzido o biocombustível?
A produção de biocombustível envolve diversos processos que convertem materiais orgânicos em combustíveis utilizáveis. Esses processos variam conforme o tipo de biocombustível a ser produzido.
Etanol
O etanol é um biocombustível muito utilizado, especialmente como aditivo à gasolina.
A produção pode ser dividida a partir de materiais açucarados (como cana-de-açúcar e beterraba) e de materiais amiláceos (como milho e trigo).
A matéria-prima é moída para liberar os açúcares. Os açúcares extraídos são fermentados por leveduras, produzindo etanol e CO2.
Então, a mistura fermentada é aquecida para separar o etanol e, assim, desidratá-lo para remover a água, resultando em etanol anidro (geralmente 99,5% puro).
Biodiesel
O biodiesel é produzido a partir de óleos vegetais, gorduras animais ou óleo de cozinha reciclado.
É uma alternativa ao diesel de petróleo e pode ser usado em motores diesel convencionais.
Os triglicerídeos presentes nos óleos/gorduras são reagidos com um álcool (metanol ou etanol) na presença de um catalisador (hidróxido de sódio ou potássio), produzindo biodiesel e glicerina como subproduto.
O biodiesel é separado da glicerina e purificado para remover quaisquer impurezas residuais.
Biogás
Os resíduos orgânicos (agrícolas, alimentares, esterco e lixo) são coletados e levados para um biodigestor.
Dentro do biodigestor, microorganismos decompõem a matéria orgânica na ausência de oxigênio, produzindo uma mistura de gases, principalmente metano e dióxido de carbono.
O biogás bruto pode ser purificado para remover impurezas e aumentar o teor de metano, tornando-o adequado para uso como combustível.
Bioquerosene
O bioquerosene é produzido a partir de várias matérias-primas, incluindo óleos vegetais, resíduos agrícolas e algas, utilizando processos como hidrotratamento ou síntese Fischer-Tropsch (processo catalítico que produz hidrocarbonetos).
A coleta e preparação da matéria-prima é similar à do biodiesel, mas pode envolver também a utilização de resíduos e algas.
O óleo é tratado com hidrogênio a alta pressão e temperatura, convertendo os ácidos graxos em hidrocarbonetos que podem ser utilizados como querosene de aviação.
Vantagens e desvantagens do biocombustível
Existem diversas vantagens e desvantagens dos biocombustíveis, especialmente quando comparada com os combustíveis fósseis.
Vantagens
01. Redução das emissões de gases de efeito estufa
Biocombustíveis, em geral, tendem a liberar menos dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa em comparação aos combustíveis fósseis.
Isso contribui para a diminuir as mudanças climáticas, ajudando a reduzir a pegada de carbono.
02. Menor dependência de combustíveis fósseis
Ao utilizar fontes renováveis, como plantas e resíduos orgânicos, os biocombustíveis diminuem a dependência de recursos não renováveis, como petróleo e carvão.
Isso pode melhorar a segurança energética e reduzir a vulnerabilidade a flutuações nos preços dos combustíveis fósseis.
03. Contribuição para a sustentabilidade ambiental
O cultivo de plantas para a produção de biocombustíveis pode ser feito de maneira sustentável, promovendo práticas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente, como a rotação de culturas e a gestão eficiente da terra.
Além disso, o uso de biocombustíveis geralmente implica em menores impactos ambientais em comparação com a extração e queima de combustíveis fósseis.
04. Possibilidade de reutilização de resíduos orgânicos
Muitos biocombustíveis são produzidos a partir de resíduos orgânicos, como restos de alimentos, resíduos agrícolas e dejetos animais.
Isso não apenas fornece uma maneira de dar um destino sustentável a esses resíduos, mas também reduz a pressão sobre os aterros sanitários e contribui para a gestão eficiente de resíduos.
Desvantagens
Apesar das vantagens, os biocombustíveis também apresentam alguns desafios. Alguns dos principais são:
01. Uso intensivo de recursos naturais
A produção de biocombustíveis, especialmente de primeira geração, pode exigir grande quantidade de água, fertilizantes e pesticidas, contribuindo para a degradação do solo e a escassez de recursos naturais.
02. Impactos sobre a biodiversidade
O cultivo em larga escala de plantas para biocombustíveis pode resultar na perda de biodiversidade, especialmente se envolver a conversão de áreas naturais, como florestas, em terras agrícolas.
03. Emissões indiretas de gases de efeito estufa
Algumas práticas associadas à produção de biocombustíveis, como o desmatamento para criar novas áreas de cultivo, podem resultar em emissões indiretas de gases de efeito estufa, cancelando parte do benefício inicial na redução das emissões.
04. Custo de produção
Em muitos casos, os biocombustíveis ainda são mais caros de produzir do que os combustíveis fósseis, o que pode limitar sua competitividade no mercado sem subsídios ou incentivos governamentais.
Como é o uso de biocombustíveis no Brasil?
Hoje, o Brasil é um dos países do mundo que mais utiliza biocombustíveis, além de ter sido pioneiro nesse tipo de política.
Nos anos 1970, por exemplo, em meio às crises do petróleo, o governo brasileiro criou o Programa Nacional do Álcool, também chamado de Proálcool.
O programa impulsionou a produção do etanol, muito popular no Brasil como combustível puro e também utilizado em misturas com a gasolina.
Para se ter uma noção, a safra de cana-de-açúcar e milho de 2023/2024, representou 42,03% do total de biocombustível fabricado apenas no Centro-Sul.
Além do etanol, o Brasil também tem sido bastante presente no uso do biodiesel, essencial para reduzir a poluição causada pelo transporte rodoviário de carga.
Desafios do biocombustível no Brasil
No Brasil, o desenvolvimento e a utilização de biocombustíveis enfrentam alguns desafios.
A produção de biocombustíveis pode competir com a produção de alimentos. Isso pode levar a um aumentos nos preços e na pressão sobre a terra agrícola disponível.
Além disso, o desmatamento e a conversão de ecossistemas naturais em terras agrícolas para a produção podem colocar em risco a biodiversidade.
Podemos destacar também o desafio ligado à infraestrutura de transporte e logística necessária para o escoamento da produção de biocombustíveis, especialmente em áreas remotas.
O alto investimento para a melhoria da infraestrutura para facilitar o transporte eficiente e econômico dos biocombustíveis é necessário.
Ainda é preciso investir em pesquisa e desenvolvimento, implementar políticas públicas eficazes e garantir que a produção de biocombustíveis seja sustentável e socialmente responsável.
Exemplos de biocombustível para veículos
Há diferentes tipos de biocombustível – e alguns deles costumam ser gerados a partir de vegetais bastante conhecidos. Entre eles, estão:
Etanol
Obtido principalmente a partir da fermentação de açúcares presentes em plantas como a cana-de-açúcar, milho e beterraba.
Pode ser utilizado puro (E100) em veículos especialmente adaptados ou misturado à gasolina em diferentes proporções, como E10 (10% etanol) e E85 (85% etanol).
Biodiesel
O biodiesel é produzido a partir da transesterificação de óleos vegetais (como soja, girassol, e palma) ou gorduras animais.
Pode ser usado puro (B100) ou misturado ao diesel convencional em diferentes proporções como B20 (20% biodiesel) e B5 (5% biodiesel)
Biogás
Pode ser purificado e comprimido para uso em veículos equipados com motores a gás natural (GNV).
Aproveita resíduos orgânicos, reduz emissões de metano (um potente gás de efeito estufa) e diminui a dependência de combustíveis fósseis.
Bioquerosene
Utilizado como substituto do querosene de aviação convencional em aeronaves. Reduz emissões de CO2, é renovável e pode ser produzido localmente.
Nem todos os tipos de biocombustível são considerados limpos, no sentido de que sua utilização também provoca a poluição.
No entanto, eles são considerados mais sustentáveis que os combustíveis fósseis, por conta da sua capacidade de renovação.
Quais são as tecnologias e inovações em veículos biocombustíveis?
As tecnologias e inovações em veículos biocombustíveis estão em constante desenvolvimento, visando melhorar o desempenho, a eficiência e a sustentabilidade desses veículos.
Motores flex fuel
Motores flex fuel são projetados para operar com diferentes proporções de combustíveis, especialmente misturas de gasolina e etanol (como E85).
Isso oferece aos consumidores a flexibilidade de escolher o combustível com base na disponibilidade e nos preços, promovendo o uso de biocombustíveis como o etanol.
Motores adaptados para biocombustíveis específicos
Alguns veículos são projetados ou adaptados para funcionar com biocombustíveis específicos, como biodiesel, biogás ou bioetanol.
Esses motores são otimizados para tirar vantagem das propriedades específicas de cada tipo de biocombustível.
Desenvolvimento de biocombustíveis avançados
Os biocombustíveis avançados são produzidos a partir de matérias-primas renováveis que não são usadas na produção de alimentos, como algas, resíduos agrícolas ou resíduos urbanos.
Eles oferecem uma série de vantagens em relação aos biocombustíveis convencionais, como maior eficiência energética, menor impacto ambiental e maior sustentabilidade.
Sistemas de monitoramento e otimização de consumo
Tecnologias avançadas de monitoramento da frota e otimização de consumo são implementadas em veículos para maximizar a eficiência do uso de biocombustíveis.
Isso inclui sistemas de injeção eletrônica, sensores de combustão avançados e algoritmos de controle para ajustar dinamicamente a mistura ar-combustível.
Integração com fontes de energia renovável
Veículos biocombustíveis podem ser integrados com fontes de energia renovável para criar sistemas mais sustentáveis.
Isso pode incluir a combinação de biocombustíveis com energia solar, eólica ou outras fontes renováveis para alimentar veículos elétricos híbridos ou até mesmo sistemas de propulsão totalmente elétricos.
Por que usar biocombustível na gestão de frota?
Existem diversas vantagens para uma frota utilizar biocombustíveis – e talvez essa seja uma decisão que a sua empresa possa tomar em um futuro próximo.
O primeiro motivo, claramente, é a sustentabilidade.
As empresas estão sendo cobradas para terem atitudes mais responsáveis com o meio ambiente – e optar por energias limpas é um passo importante.
Além de ser uma questão de responsabilidade, também pode ser um diferencial competitivo contra os concorrentes.
Outra razão que pode fazer muitas empresas optarem por biocombustíveis é a economia – em diversas regiões, os biocombustíveis podem ter preços mais baixos que a gasolina e diesel.
Além disso, por ter produção local intensiva, os biocombustíveis costumam estar menos sujeitos às flutuações de preço do petróleo no mercado internacional.
No entanto, é bom fazer a conta de impacto do preço – às vezes, os biocombustíveis têm preço por litro mais barato, mas também tem menor rendimento.
Uma boa forma de prestar atenção nisso e organizar essa questão na sua frota é usando essa planilha de controle de combustível da Cobli.
Outro ponto a se prestar atenção no uso de biocombustíveis é a adaptação da frota – afinal, nem todos os veículos podem estar preparados para utilizar esses materiais.
Ser mais sustentável usando biocombustível é uma ótima forma de garantir não só o futuro da sua empresa, mas também do planeta para as próximas gerações!
Esta publicação te ajudou? Confira essa e outras explicações sobre questões de logística e gestão de frota no blog da Cobli.
